Haja pau



Quando eu era criança, os mais velhos da família, como minha mãe e minha avó, contavam uma história para que eu não bagunçasse a casa. Elas contavam que certo dia, a mãe de um menino muito traquino, espertalhão e “zoiúdo”, pediu para que ele fosse levar o almoço do pai até o roçado onde o mesmo trabalhava. No meio do caminho, por ter “olho grande” resolveu comer a comida que era destinada ao pai. Somente sobrou do almoço do pai alguns ossinhos, que o mesmo tampou dentro da marmita e entregou ao pai. Quando o pai percebeu que na marmita só tinha ossos, indagou ao filho o que significava aquilo. No entanto, o filho nada esclareceu e disse que aquilo era o que a mãe dele tinha mandado para o pai, pois estava ocupada dando atenção a outro homem que tinha chegado em sua casa. O pai, possesso de raiva, voltou para casa e chegando lá, sem dar chance da mulher se explicar começou a surra–lá. Em cima de uma árvore, o menino estava como espectador da surra que a mãe levava, e lá do alto ele gritava – Haja Pau... Haja Pau... Haja Pau!!   

A mãe escutando aquilo que o filho dizia, indagou que tinha fé que por um castigo ele iria ficar repetindo isso para o resto da vida. E o pai, batendo de tal modo, que a mulher veio a falecer. O filho, vendo o mal que tinha causado, tomado de tristeza e, remorso, fugiu para a mata chorando e gritando -Haja Pau... Haja Pau... Haja Pau; ninguém nunca mais teve notícia dele. Porém, alguns anciãos e pessoas que habitam a mata, afirmam que o menino se encantou e se transformou num pássaro, cujo canto seria esse: “Haja Pau... Haja Pau... Haja Pau...”.

 Fica a lição: não se bate em mulher, e praga de mãe pega!

Narradora: Vera Lúcia M. Gomes (Rio Tinto-PB)
Pesquisador/aluno: Luciano Nunes.



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