As Pegadas de São Lázaro



O relato a seguir tem como objetivo resgatar as narrativas que, de certa forma, exerceram e exercem papeis culturais significativos e importantes nas sociedades.

Ouvir e falar de contos populares, mitos, lendas e canções são fascinantes. Nos leva a uma instância de conhecimento diversificada em que percebemos que as mesmas histórias vão tomando formas diferentes, se propagando de diferentes formas e interpretações.  Como o autor Jack Goody (2012) diz, na literatura oral todo o contexto tem que ser levado em conta, ou seja, para quem se está narrando (público) e em que contexto está inserido (orador), pois tudo vai influenciar na narrativa.  


Trazer a narrativa da aparição do santo São Lazaro, em sua passagem no antigo sítio de Camucar que atualmente se chama fazenda São José, na região do litoral norte paraibano, foi uma forma de fazer com que a mesma não desapareça, visto que apenas algumas pessoas da região, em sua maioria os mais velhos, ainda narram as “pegadas de São Lazaro”.

        “No tempo do meu avô, as pedras eram mais conservadas. Ele mandava limpar, tinha todo um zelo, pois ele era um homem de fé, diferente do atual dono que, quando comprou, destruiu parte das pedras (com as marcas de S. Lázaro) porque ele era um homem descrente, construíram em meio às pedras barragens, cachoeiras. Quebrou a parte que tinha gravado na pedra as pegadas do cachorro e o local onde ele fez a refeição tinha o formato certinho do pão. Eu vi, não é história de alguém me contou. Eu e meus irmãos brincávamos muito aqui e passei minha infância vendo esta pedra e vendo as pessoas fazerem promessas. Veja, ainda tem pessoas que fazem promessas: olha aqui resto de velas na pedra! É uma história de fé, tem quem acredite e tem quem não acredita, isso vai da fé que cada um tem.” (Sr. Armando Costa, narrador). 

        Desta forma, o trabalho seguinte tem como proposta passar para gerações atuais e futuras, que não tem conhecimento das riquíssimas narrativas culturais, um pouco da memória oral do litoral norte paraibano, que antes da escrita eram as únicas formas de transmissão de conhecimento em meio à constante construção sociocultural da região, mostrando assim que “o conhecimento é em grande parte conectado com a memória, com a apresentação oral” (GOODY, 2012:146).

Portanto, muitas sociedades, mesmo dispondo da escrita, ainda mantém a oralidade, não as vendo como substituta uma da outra, mas como algo que se interliga, soma e acrescenta, fazendo parte tanto do individuo quanto da coletividade a qual se pertence.

Narrador: Armando Costa 
Pesquisadores/aluno: Ivandiely Menezes, Sibele Rosendo, Caio Nobre. 

Link do Vídeo "As Pegadas de São Lázaro": http://www.youtube.com/watch?v=0og2hkCdANY

Nenhum comentário:

Postar um comentário