A Cumade Fulozinha (Caipora do Mato)



Cumadre Fulozinha


Inserida na cultura nordestina, há um ser etéreo conhecido na Paraíba como Cumadre Fulozinha (flor-do-mato). Diz a lenda que é espírito de uma cabocla de longos cabelos, que vive na mata protegendo a natureza dos caçadores e, que gosta de ser agradada com presentes, principalmente mingau, fumo e mel. Alguns antigos falam que a Cumadre Fulozinha era uma criança que se perdeu na mata quando ainda era pequena, ela procurou o caminho de volta para sua casa mais não achou e acabou morrendo, fazendo com que seu espirito vagasse pela floresta em busca do caminho de volta para casa. Acredita-se que ela protege as matas e os animais que nelas vivem. 

Carrega consigo um chicote feito com talos de urtiga para dar uma “lição” nos garotos desobedientes, principalmente os que maltratam a natureza. Sua chegada é anunciada com um assovio que funciona da seguinte maneira: quando se escuta de perto, ela está longe, e quando o assovio é escutado ao longe, ela está perto.

Para fazê-la amansar é necessário levar consigo um presente, que se coloca em um tronco de arvore para ela buscar, de preferência fumo e papa. Cumadre Fulozinha também se apresenta como uma menina de aproximadamente doze anos, com os cabelos longos e estirados e de aparência simpática. É sempre vista pelos caçadores que em geral lhe tem grande admiração e respeito, pois sabem que para ter uma boa caça precisam de sua ajuda. A cumadre fulozinha não gosta de pimenta e quem coloca pimenta em seus presentes ela se vinga dando uma surra.

Segundo relatos de antigos caçadores e pessoas que viviam pegando lenha na mata, que afirmam ter tido contato com Cumadre Fulozinha, sua existência é comprovada pelas tranças e nós em crina e no rabo do cavalo, que ninguém consegue desfazer, só ela mesma, e quando ela pega um cavalo, anda com ele até o bicho ficar cansado e não conseguir mais andar.

Há relatos dos que tambem se lembram de surras que ela dá nos cachorros de caça e nos caçadores que ficam falando “nomes feios” (palavrões) no meio da mata.

Os antigos contam que uma mulher de caçador, com ciúmes dele colocou pimenta no mingau que ele levava de oferenda para a “Cumadre”. Quando ele chegou à mata para caçar com seu cachorro, ele levou uma surra de urtiga que não sabia de onde vinha e, de quebra, seu cachorro também apanhou. Depois de muito sofrimento e dor, ainda ficou perdido dentro da mata por 3 dias.

Narrado por: Vera Lucia M. Gomes.  (Rio Tinto-PB).
Pesquisadores/aluno: Luciano Nunes, Jacyara Costa e Leonardo Dias.




Cumadre Fulozinha(Caipora do Mato)



 “Uma vez a Cumadre Fulozinha deu uma surra no cachorro do meu tio, quase matava o animal. Outra vez foi com o cavalo, o cavalo estava com a crina cheia de nós, é fez uma trança no rabo do animal. Era muito difícil desatar o nó. Conta- se, que o cavalo que Cumadre  Fulozinha  andava, não dava dor de barriga. E o animal que ela mais gosta é o coelho. Ela não gosta que ninguém  maltrate coelho.

O caçador quando vai à mata para caçar e percebe alguma coisa estranha, ele dever voltar, e oferecer a ela (Cumadre  Fulozinha)  um pouco de fumo. Não se deve chamá-la de Caipora, porque ela fica muito brava.

“É melhor chama- La de Cumade Fulozinha”! (Manoel Soares de Lima, pg. 31, Os Potiguara pelos Potiguara, Ano 2005).


Perspectivas Imagéticas sobre a Comadre Fulozinha



Quando pensamos em discorrer imageticamente o conto popular da “Comadre Fulozinha” para a disciplina do curso de “Memória, Narrativa e Oralidade”, procuramos articular, na medida do possível, diferentes perspectivas narrativas a seu respeito. Para tal, identificamos no You Tube o vídeo realizado pelo Programa Multicultural da Prefeitura do Recife RPA -04/UR-07 Várzea (PE), da Oficina de Audiovisual Imagem da Caverna ao Pixel, chamado de “A Menina e a Comadre Florzinha” (2011), como forma de representação sobre o referido conto, ao mesmo tempo, realizamos dois vídeos diferentes: um deles é uma entrevista da aluna Eduarda, do 5º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Getúlio Vargas, situado no município de Lagoa de Dentro/PB, com a narrativa dela sobre a “Comadre Fulozinha” feito pela aluna/pesquisadora Audineide Belarmino Carneiro; e o outro foi realizado no Laboratório de Antropologia Visual (Arandu) da UFPB, Campus IV, procurando articular melhor nossas ideias e discussões sobre a “Comadre Fulozinha”, tomando por base a teoria de Jack Good sobre os contos populares e as variabilidades que apresentam entre diferentes regiões.

Pesquisadores/alunos: Almir Pereira, Audineide Belarmino, Caio Nobre e Edinir Rodrigues.


Link do filme "A Menina e a Comadre Florzinha":
http://www.youtube.com/watch?v=IS7pk4Vlmds

Link do vídeo "Comadre Fulozinha Eduarda":
http://www.youtube.com/watch?v=fDhaXkm-4xM

Link do vídeo "Debatendo a Comadre Fulozinha":
http://www.youtube.com/watch?v=-jwNQXDgQ7w 





      

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